Wednesday, February 27, 2008

Assustador ou revelador?

"Os resultados da escolaridade obrigatória pública entre 1995 e 2005 são desoladores: mais pessoal docente e não docente, mas recursos financeiros, menos alunos, abandono escolar persistente alto, níveis de onhecimentos dos jovens na cauda da OCDE em provas internacionais de língua-mãe, matemática e ciências."

In: Editorial do Diário de Notícias

Friday, February 22, 2008

Com a pt quem se lixa é você...


À PT.COM COMUNICAÇÔES INTERACTIVAS
Av. Fontes Pereira de Melo, 40
1069-300 Lisboa


Lisboa, 17 de Janeiro de 2007
Exm.os Senhores,


Muito me surpreendeu ter recebido uma carta de uma advogada, ..., referente a uma dívida de 34,02 euros para com a PT, ameaçando-me com uma acção judicial.

Em Outubro de 2007 cancelei o meu contrato com essa empresa, especificando, aliás, que o fazia devido aos maus serviços de Internet prestados.

Recebi uma carta da PT confirmando esse cancelamento e dizendo que me ia ser enviada uma factura referente a esse mês, com o valor final a ser pago.

Aguardei por essa informação que não me chegou. Chegaram-me sim facturas referentes aos meses de Novembro e Dezembro de um serviço de que já não disponho desde Outubro.

É claro que pagarei a factura (falo no singular, pois as minhas contas com a PT estão regularizadas até final de Setembro) referente ao mês de Outubro, mas é claro que não tenho de pagar nada referente a serviços após essa data.

Queiram então enviar-me o montante em dívida e a especificação de que a mês se refere. Espero, também, que cessem o envio de facturas indevidas a partir de agora.

Com os melhores cumprimentos.

Thursday, February 21, 2008

J'aimerais

J'aimerais
J'aimerais
Devenir un grand poète
Et les gens
Me metteraient
Plein de laurrier sur la tête
Mais voilà
Je n'ai pas
Assez de goût pour les livres

Abertura de "Memórias de Papel"


“- Cette nuit... tu sais... ne viens pas.
- Je ne te quitterai pas.
- J’aurai l’air d’avoir mal... j’aurai un peu l’air de mourir. C’est comme ça. Ne viens pas voir ça, ce n’est pas la peine.

- Je ne te quitterai pas.”

(Antoine de Saint-Exupéry, Le Petit Prince)

Wednesday, February 20, 2008

Um Olhar Mil Abismos





ÚLTIMO DIA

Abri bem os olhos e vi-me frente a um espelho enorme. Fiquei impressionada com a imagem que nele se reflectia. Os anos tinham passado, sem deixar grandes estragos, no entanto, a cara e o corpo nú, que insistiam em ser os meus, pareciam uma mera assombração de como ainda me recordava de mim própria. Uma miúda alegre, de formas generosa.

Como é que me deixara degradar ou desaparecer até àquele ponto de desistência física? Não suportei durante muito tempo aquela mulher que se esforçava por me fazer acreditar que era eu. Sentia-me como uma nuvem de fumo. Como se o meu corpo se estivesse a esvair, aos poucos, na atmosfera. Lembrava-me aquelas argolas de fumo que fazia com o cigarro aos 16 anos, para impressionar os rapazes e fazer inveja às minhas amigas. Começaram por ser argolas de principiante, desengonçadas e sem formas muito bem definidas, com o tempo e o treino transformaram-se numas argolas cheias, de formas generosas e bem delineadas mas, no fim, acabavam sempre por se esfumar no ar, sem que pudesse fazer nada para as conservar. Assim estava eu, a desvanecer-me, suavemente, a fundir-me com a natureza. E isso nada tinha a ver com a idade.

Custava-me sustentar o olhar daquela personagem reflectida no espelho. A certa altura tornou-se-me insuportável encarar aquela imagem desconhecida que insistia em imitar todos os meus movimentos e em absorver todas as minhas dúvidas.

Baixei os olhos, sem, no entanto, admitir que me rendia à evidência da minha degradação, e reparei que aos meus pés, jazia uma fotografia. Estava de cara para baixo, pelo que tive de me baixar para a apanhar. Virei-a para mim. Duas caras sorriam, felizes, encostadas uma à outra, em jeito de cumplicidade, dois pares de olhos observavam-me, através de um passado que não consegui situar temporalmente, tal o peso brutal e a tristeza que me tomaram o peito. Demorei algum tempo a conseguir identificar aquelas duas pessoas e gastei o resto de esperança que ainda havia dentro mim a tentá-lo. Quis ignorá-las. Mas, de repente, toda a minha vida começou a decorrer à minha frente, como um flash, a ferir-me os olhos. E então, não consegui mais esconder-te em mim e lembrei-me de ti. E a dor foi maior do que qualquer ser humano podia suportar. Toquei no rosto da mulher que me sorria, sonhadora e feliz, e tentei encontrá-la na minha cara e dentro de mim própria. Acariciei o teu rosto que olhava para mim, sonhador e feliz, tentei capturar o teu sorriso e alcançar o brilho do teu olhar. Fechei os olhos para melhor te sentir e quando os abri tu já lá não estavas.

E, então desisti de tudo, deitei no chão o meu corpo dorido, e encolhi-me como quem se quer proteger do mundo, com as pernas bem encostadas ao peito e os ossos salientes dos joelhos a tocar-me o queixo.

Pousei a cara em cima do teu espaço vazio na fotografia e ali fiquei, à tua espera…

De Maria Teresa Loureiro

E a felicidade é possível?

Sí y no. Lo que ocurro con la felicidad es que es un estado pasajero y muy inestable. Uno puede conseguir la felicidad en un momento determinado y al momento siguiente esa felicidad puede haber desaparecido de la forma en la que la concibió en ese momento. O puede descubrir la felicidad en otras aristas de la vida que hasta ese momento. Talvez con veinte años uno piensa que determinados aspectos de la vida no lo hacen feliz y a los cuarenta o cincuenta descubre que sí que en esos aspectos de la vida puede estar encerrada la felicidad. Es decir, creo que hay personas para las cuales la felicidad es algo muy esquivo, algo que les cuesta mucho trabajo atrapar. Pero hay otros para los cuales, tal vez con una mayor conciencia de que es posible ser feliz, existe la posibilidad de aferrar estos momentos.

Palavras de Leonardo Padura

Tuesday, February 19, 2008

O OUTRO é uma miragem

Cheguei a casa com a ideia de dar a conhecer, ou a recordar, algumas palavras de Alain Robbe-Grillet; fui à procura na minha biblioteca, mas cheguei à conclusão de que só tenho romances em francês. Para além ter escrito romances que lhe deram prémios, como o Prémio Fénelon e o Prémio dos Críticos, Robbe-Grillet é também o criador de um cine-romance especial que vale a pena tentar ver: “L’année dernière à Marienbad”, realizado por Alain Resnais. Como sou persistente, depois de muito bisbilhotar e folhear, dei com um texto publicado em Portugal e traduzido para a nossa língua do qual deixo aqui um breve registo.

“No quarto, A... torna a baixar o rosto sobre a carta que está a escrever. A folha de papel azul-pálido, na sua frente, tem ainda apenas algumas linhas... A... junta-lhes rapidamente três ou quatro palavras e fica com a caneta no ar. Ao fim de um minuto levanta a cebeça, enquanto, do lado das garagens, a melodia recomeça.
É, sem dúvida, sempre o mesmo poema que se repete. Se por vezes os temas se diluem, é para voltarem um pouco mais tarde, fortalecidos, pouco mais ou menos idênticos. Entretanto, estas repetições, estas ínfimas variantes, os cortes, os retrocessos, podem dar largas a modificações – se bem que apenas sensíveis – levando, no seu decurso, muito longe do ponto de partida.”

In: “O Ciúme”

Facadas no português I

"Ésta é a última versão de um texto publicado em 63"
In: DN, pág. 47

É caso para dizer que o José Cardoso Pires deve estar a dar pinotes na campa ao estar associado, à força, a esta notícia sobre o seu novo inédito "O Lavagante."