Monday, June 25, 2007

Evasão I



Os amantes nunca se combinam bem. Um deles lança sempre a sua sombra sobre o outro e impede-o de crescer, de modo que aquele que se sente sufocado procura desesperadamente um meio de evadir-se, para poder crescer sem entraves. Não é este o drama essencial do amor?

Passado I

Os factos passados, longínquos, deformados pela memória, adquirem um realce particular porque são vistos isolados do seu contexto destacado dos pormenores que os precederam e seguiram; pormenores que destacamos e lançamos fora como sobrescritos usados.

Sunday, June 17, 2007

Dia I

Há dias em que sou uma paisagem triste sob um céu carregado.

Despedida às palavras I


As palavras vão perdendo o significado e a força que sempre tiveram na minha vida, à custa de tantas vezes as ver amarrotadas, ignoradas, em suma, mal escritas. Começam a cansar-me. Criar uma nova linguagem através das sensações, em vez de utilizar as palavras, para não as gastar. As sensações não se gastam, estão sempre a ser renovadas e são inevitáveis. Compreendemos as mensagens das imagens, mas como comunicar com as sensações? Escrever sem palavras e sem imagens seria interessante, mas como fazê-lo?
As palavras gastam-se, talvez não da mesma forma como se gastam os sabonetes ou os rebuçados, mas também de forma definitiva.
Como seria se as palavras tivessem rugas, pés de galinha, ou artroses? Seria uma artrose com artroses, uma letra coxa ou constipada; uma paixão cansada.
Com as sensações nada disso aconteceria; não existem sensações histéricas, velhas e gastas, são só sensações, e podem ser ilimitadas.

Wednesday, June 6, 2007

Há qualquer coisa ...


AMOR BRUJO

“Quando não te vejo, o meu relógio “anda” sem corda; os sapatos andam trocados, de ternura (esqueço-me de os calçar bem, de manhã), não compro tabaco, eu, que fumo locomotivamente; pardais acercam-se, entram no saco de plástico e levam-me o pão. Sem ti, sou a minha estátua.
Há um friso na minha consciência – o da mitologia católica; é como uma catedral. Bem tento prender-me a ti, para salvar-me. É inútil. Há qualquer coisa que não me dá tréguas. Não posso lutar contra um inimigo que não distingo bem, na bruma.”

De Sebastião Alba

Friday, June 1, 2007

Uma mais ao menos criança de 13 foi acusada de ter sido violada

Uma criança de 13 anos e 9 meses foi acusada de ter sido violada pelo padeiro da esquina. A criança, quase adulta aos olhos da lei foi, apanhada a ser violentada pelo padeiro que já aparentava sinais de desgaste e sofrimento dignos de pena.
Em declarações no tribunal, o padeiro queixou-se que a criança de 13 anos e 10 meses entrou na padaria para comprar uma bola de Berlim com creme às 11h00, o que desde logo lhe levantou algumas suspeitas, por ser uma hora imprópria. Ficou logo de sobreaviso. A conversa azedou quanda a criança de 13 anos e 11 meses se exaltou com o padeiro quando ele lhe deu uma festa na cabeça e uma palmada no rabo para o compensar de não ter bolas com creme. As pessoas que assistiam ficaram indignadas com a atitude da criança que obrigou o padeiro a ir à cave da padaria confirmar se na verdade o homem tinha ou não tinha bolas. Fez-se ser agarrada pelo braço e, segundo apurámos pelas palavras do padeiro, obrigou-o a "despir-lhe as calças de ganga, de marca roscof". O povo que esperava a vez para ser aviado só venceu a inércia e foi chamar o homem do talho mais próximo quando ouviu os gritos infernais da criança a incitar à violação o pobre do padeiro.
A criança, já de 14 anos a esta hora, aguarda em prisão domiciliária e ficou à guarda da mãe do padeiro que já fez constar que "a ela o fedelho não a engana" e acrescenta: - O meu filho é um santo, não é que dorme com o malandrete todas as noites? Diz que é para ele não cometer nenhuma loucura?